LEMBRANÇAS DO RÁDIO
Lucarocas Escritor
Lembro-me do meu
tempo de menino quando na casa dos meus avós nos colocávamos ao lado do rádio Semp,
um aparelho amarelo que repousava sobre uma mesa de madeira, que era a única
mobília da sala, para nos encartar com as vozes melodiosas que transmitiam as
notícias do mundo, e que o meu avô justificava a veracidade através da sua
sabedoria de sertão.
Quando menino
ainda, mas já um pouco crescido, morando em Fortaleza, dividia a pobreza e a
amizade com o meu amigo Orlando de Oliveira e, muitas vezes, contávamos moedas
para juntá-las e comprarmos na bodega da esquina um copo de refresco de
maracujá, seis bolachas Cream Cracker que dividíamos em partes iguais. Do troco
que não sobrava comprávamos duas pilhas pequenas para alimentar um radinho
cinza de marca Cibrig que “gasgatiava” um som feliz por ser abastecido, o nos
fazia feliz no prazer de ouvi-lo.
O rádio era
companhia tanta que meu pai, em sua grandeza de amor, me atendeu o pedido de
comprar um para mim.
Comprou um rádio
portátil que não tinha mais do que dez centímetros quadrados. Vermelho, com uma
alça preta, e um maravilhoso fone que me embalava na rede que eu o pendurava, e
juntos dormíamos ao som do meu sonhar e despertávamos na pobreza feliz, e na
grandeza do amor de meu pai que passou quase um ano pagando prestações na
Mesbla.
Através do rádio
o meu imaginário crescia ouvindo cantorias pelas manhãs ou forrós nos finais de
tarde. Imaginando locutores e me tornando um deles. Nunca quis de fato essa
profissão, pois sabia ser o rádio a paixão que prende, e eu ser ave de
arribação.
Cresci amante do rádio.
A minha própria voz circulou país a fora nos mais diferentes recantos quando a
minha poesia chegava aonde não imaginava.
Hoje o rádio me faz
dormir e me faz despertar. Acompanha-me em viagens que faço, ou quando pouso em
qualquer porto.
A tecnologia
permitiu a mudança da maneira de como se ouvir rádio, de como se fazer rádio,
de como se criar rádio.
Hoje possua a
minha própria rádio, a Rádio Web Lucarocas.
As vozes do rádio
foram vozes que marcaram a minha vida em toda a sua trajetória.
O rádio hoje
amanheceu em um silêncio de prece, e o meu coração em uma prece de silencio para
reverenciar umas das vozes mais marcantes da radiofonia brasileira. A voz de
Narcélio Lima Verde.
Em silêncio
encerro essas Lembranças de Rádio.
Fortaleza, 26 de
janeiro de 2022.
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Lucarocas a Arte
de Ser
(85) 98897.4497
lucarocasaartedeser@gmail.com
Que saudades do meu tempo de menina quando tinha a companhia dos meus pais, ouvindo ao pé do rádio que ficava majestoso sobre uma mesinha na sala. Ah! Tempo cruel que tão rápido passa e só deixa uma grande saudade.
ResponderExcluirNarcelio Lima Verde sua voz ressoa agora nos céus. Deus o recebe com alegria.
ResponderExcluirMeus sentimentos e conforto á família.
Lindo texto Lucarocas. Salve Narcélio Lima Verde. Voz inconfundível do rádio cearense. Sincero e espontâneo. Meus sentimentos
ResponderExcluirQuero deixar registrado aqui também o meu mais profundo sentimento de pesar pela "passagem" de Narcélio Lima Verde. Sua voz embalou meus sonhos, na infância e na adolescência, instigando meu encanto e interesse pelo rádio e pela radiofonia.
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