quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

LEMBRANÇAS DO RÁDIO

 
                                    


                                          LEMBRANÇAS DO RÁDIO
                                                Lucarocas Escritor
 
           Lembro-me do meu tempo de menino quando na casa dos meus avós nos colocávamos ao lado do rádio Semp, um aparelho amarelo que repousava sobre uma mesa de madeira, que era a única mobília da sala, para nos encartar com as vozes melodiosas que transmitiam as notícias do mundo, e que o meu avô justificava a veracidade através da sua sabedoria de sertão.
          Quando menino ainda, mas já um pouco crescido, morando em Fortaleza, dividia a pobreza e a amizade com o meu amigo Orlando de Oliveira e, muitas vezes, contávamos moedas para juntá-las e comprarmos na bodega da esquina um copo de refresco de maracujá, seis bolachas Cream Cracker que dividíamos em partes iguais. Do troco que não sobrava comprávamos duas pilhas pequenas para alimentar um radinho cinza de marca Cibrig que “gasgatiava” um som feliz por ser abastecido, o nos fazia feliz no prazer de ouvi-lo.
O rádio era companhia tanta que meu pai, em sua grandeza de amor, me atendeu o pedido de comprar um para mim.
Comprou um rádio portátil que não tinha mais do que dez centímetros quadrados. Vermelho, com uma alça preta, e um maravilhoso fone que me embalava na rede que eu o pendurava, e juntos dormíamos ao som do meu sonhar e despertávamos na pobreza feliz, e na grandeza do amor de meu pai que passou quase um ano pagando prestações na Mesbla.
Através do rádio o meu imaginário crescia ouvindo cantorias pelas manhãs ou forrós nos finais de tarde. Imaginando locutores e me tornando um deles. Nunca quis de fato essa profissão, pois sabia ser o rádio a paixão que prende, e eu ser ave de arribação.
Cresci amante do rádio. A minha própria voz circulou país a fora nos mais diferentes recantos quando a minha poesia chegava aonde não imaginava.
Hoje o rádio me faz dormir e me faz despertar. Acompanha-me em viagens que faço, ou quando pouso em qualquer porto.
A tecnologia permitiu a mudança da maneira de como se ouvir rádio, de como se fazer rádio, de como se criar rádio.
Hoje possua a minha própria rádio, a Rádio Web Lucarocas.
As vozes do rádio foram vozes que marcaram a minha vida em toda a sua trajetória.
O rádio hoje amanheceu em um silêncio de prece, e o meu coração em uma prece de silencio para reverenciar umas das vozes mais marcantes da radiofonia brasileira. A voz de Narcélio Lima Verde.
Em silêncio encerro essas Lembranças de Rádio.
 
Fortaleza, 26 de janeiro de 2022.
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Lucarocas a Arte de Ser
(85) 98897.4497
lucarocasaartedeser@gmail.com
 


4 comentários:

  1. Que saudades do meu tempo de menina quando tinha a companhia dos meus pais, ouvindo ao pé do rádio que ficava majestoso sobre uma mesinha na sala. Ah! Tempo cruel que tão rápido passa e só deixa uma grande saudade.

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  2. Narcelio Lima Verde sua voz ressoa agora nos céus. Deus o recebe com alegria.
    Meus sentimentos e conforto á família.

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  3. Lindo texto Lucarocas. Salve Narcélio Lima Verde. Voz inconfundível do rádio cearense. Sincero e espontâneo. Meus sentimentos

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  4. Quero deixar registrado aqui também o meu mais profundo sentimento de pesar pela "passagem" de Narcélio Lima Verde. Sua voz embalou meus sonhos, na infância e na adolescência, instigando meu encanto e interesse pelo rádio e pela radiofonia.

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